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Paciência é equilibrio

É a porta da geladeira que não foi fechada direito, é a escova esquecida em cima da cama e com as cerdas viradas para cima, claro. É o cara no assento ao lado batucando com a caneta ou assoviando. É o menino que fala aos berros sem que nenhum adulto responsável pareça se incomodar. É o carro que tenta furar a fila do estacionamento fingindo que está dando início a uma nova fila. É a pessoa que, da porta da loja, quer conversar com aquela que está distraída lá no fundo. A mesa ao lado que urra, como se não existisse ninguém em volta ou como se todos no restaurante estivessem ali para assisti-los. O vizinho que põe a música bem alto às oito da manhã no domingão. A lista é enorme. Pode acrescentar as suas irritações mais comuns nos comentários aí embaixo. Vou gostar de ler.

Motivos, portanto, não nos faltam, para nos irritarmos e para reagirmos a estas irritações. A questão é: vale a pena? Quantas vezes deixamos de manifestar nosso desconforto para não sermos “chatos” e, com isso, fechamos a cara ou o tempo, calados. Para não cortar a onda alheia acabamos por cortar a nossa e, de quebra, a de quem por ventura conosco esteja. Por outro lado, se criamos caso a qualquer hora e por qualquer motivo, somos a enxaqueca ambulante da qual todo mundo vai se arrepender por ter encontrado. É difícil o equilíbrio entre se impor e ser intolerante. Difícil e necessário.

Dizendo isto, uma coisa fica clara: é difícil viver e fazer as escolhas que temos que fazer a cada instante. Desde a roupa que vamos colocar no início do dia ou a palavra que usaremos para cumprimentar cada pessoa, tudo são decisões, escolhas. Temos que ter consciência disso e, quem sabe, um plano de ação. Algo que contemple nosso temperamento, identidade, mas que inclua o respeito às leis da boa convivência: os bons modos. É bom provocar e dar uma remexida nas coisas, mas é ruim criar inimigos e antipatias. Porém, elas acontecem mesmo que a gente tente, a todo custo evitar. Então, paciência. Não seremos infalíveis e nem por isso devemos deixar rolar sem nenhum cuidado. Somos as escolhas que fazemos. As grandes e as pequenas. As definitivas e as imediatas e corriqueiras.
Uma frase mal escolhida, dita no momento errado, ou um ato impensado pode determinar o destino, todo o rumo de uma vida. É assim o tempo todo. Por isso é preciso paciência, para que seja possível o equilíbrio.

Ou, como dizia uma amiga, aconselhando que eu evitasse as pequenas (mas igualmente importantes) discussões: o que, afinal, você deseja; ser feliz ou ter razão?

Leo Jaime

Fonte -> http://gnt.globo.com/comportamento/noticias/Paciencia-e-equilibrio.shtml

Intimidade Nunca é Demais

Uma amiga deu-me de presente, ou melhor, trouxe-me de uma viagem um desses ímãs de geladeira com dizeres divertidos. Este dizia: Amigos são aqueles que conhecem todos os seus defeitos e continuam gostando de você. Curti e deixei lá na minha geladeira. É uma prova de afeto, diria, incondicional. Intimidade de longos anos de amizade providenciam esta segurança de nos sabermos fora de julgamentos ou, ainda, em julgamento permanente e com sentenças muito leves ou, geralmente, inocentados. Amizade é uma forma de amor muito generosa.

Tenho visto isto em vários casais: são mais simpáticos e gentis com os estranhos do que entre si. Vejo mais mulheres dando patadas em seus homens do que o contrário. E é fácil compreender: quando um homem é estúpido com uma mulher é um ogro. Quando uma mulher é estúpida com um homem ela tem personalidade forte. Tá bom! Não concordo com isso, não. Fato é que no mundo masculino se o cara é encrenqueiro ele tem que ser bom de briga, porque no mundo masculino existe uma coisa chamada “murro na cara’. Se as mulheres usassem este código entre elas, muitas seriam menos nervosinhas e respondonas. Mas, como diria o amigo Fernando Caruso, o bom de ter uma mulher na presidência é saber que ela nunca entrará em guerra; no máximo dará um gelo em um país que nos ofenda.

Brincadeiras à parte. Será preciso mesmo dizer que estava brincando? Sim, é preciso. Não estou nem de longe defendendo a violência mas, ao contrário, defendendo os bons modos, a educação, a polidez, a gentileza e, em último caso, a cerimônia entre os íntimos. É esta a solução, e não mulheres sendo tão toscas quanto homens e partindo para a bofetada. Acredito numa fórmula simples: temos que tratar com cortesia os estranhos, com carinho os amigos e com muito cuidado, com toda a delicadeza, a pessoa que escolhemos para amar.

Guardar suas piores feições para os de casa? Por quê? Chegou cansada, nervosa, chateada? Ainda bem que você tem aqueles de casa, mesmo quando eles te aborrecem um pouco. São seu porto-seguro, seu motivo para acordar de manhã e lutar pelo dia. Trate-os desta forma. Incondicionalmente, com amor. Amor incondicional não é uma coisa que acontece, é algo que a gente faz. Diariamente.

– Leo Jaime

Fonte -> http://gnt.globo.com/comportamento/noticias/Intimidade-nunca-e-demais.shtml

Oração a mim mesmo

Que eu me permita olhar, escutar e sonhar mais.

Falar menos.

Chorar menos.

Ver nos olhos de quem me vê a admiração que eles me têm e não a inveja que prepotentemente penso que têm.

Escutar com meus ouvidos atentos e minha boca estática, as palavras que se fazem gestos e os gestos que se fazem palavras.Permitir sempre escutar aquilo que eu não tenho me permitido escutar.

Saber realizar os sonhos que nascem em mim e por mim e comigo morrem por eu não os saber sonhos.

Então, que eu possa viver os sonhos possíveis e os impossíveis; aqueles que morrem e ressuscitam cada novo fruto, a cada nova flor, a cada novo calor, a cada nova geada, a cada novo dia.

Que eu possa sonhar o ar,sonhar o mar, sonhar o amar, sonhar o amalgamar.

Que eu me permita o silêncio das formas, dos movimentos, do impossível, da imensidão de toda profundeza.

Que eu possa substituir minhas palavras pelo toque, pelo sentir, pelo compreender, pelo segredo das coisas mais raras, pela oração mental (aquela que a alma cria e que só ela, alma, ouve e só ela, alma, responde).

Que eu saiba dimensionar o calor, experimentar a forma, vislumbrar as curvas, desenhar as retas e aprender o sabor da exuberância que se mostra nas pequenas manifestações da vida.

Que eu saiba reproduzir na alma a imagem que entra pelos meus olhos fazendo-me parte suprema da natureza, criando-me e recriando-me a cada instante.

Que eu possa chorar menos de tristeza e mais de contentamentos. Que meu choro não seja em vão, que em vão não seja minhas dúvidas.

Que eu saiba perder meus caminhos mas saiba recuperar meus destinos com dignidade.

Que eu não tenha medo de nada, principalmente de mim mesmo: Que eu não tenha medo de meus medos!

Que eu adormeça toda vez que for derramar lágrimas inúteis, e desperte com o coração cheio de esperanças.

Que eu faça de mim um homem sereno dentro de minha própria turbulência;

Sábio dentro de meus limites pequenos e inexatos, humilde diante de minhas grandezas tolas e ingênuas (que eu me mostre o quanto são pequenas minhas grandezas e o quanto é valiosa minha pequenez).

Que eu me permita ser mãe, ser pai,e, se for preciso, ser órfão.

Permita-me eu ensinar o pouco que sei e aprender o muito que não sei, traduzir o que os mestres ensinaram e compreender a alegria com que os simples traduzem suas experiências;

Respeitar incondicionalmente o ser; O ser por si só, por mais nada que possa ter além de sua essência,

Auxiliar a solidão de quem chegou, render-me ao motivo de quem partiu e aceitar a saudade de quem ficou.

Que eu possa amar e ser amado. Que eu possa amar mesmo sem ser amado, fazer gentilezas quando recebo carinhos;

Fazer carinhos mesmo quando não recebo gentilezas. Que eu jamais fique só, mesmo quando eu me queira só.

Amém.

– Oswaldo Antônio Begiato

Filhos

Não posso ensinar aos filhos a não errar. O que me cabe é ajudá-los a restaurar, a dar a volta por cima, a cuidar do estrago e procurar a dignidade da emenda.

Há uma obsessão dos pais de fazer avançar a qualquer custo. De ir para frente, de pular de série, de alcançar a excelência das notas, de profissionalizar o tempo e ocupar os horários para não tropeçar em bobagens. Educar é mandar, ser educado é aceitar ordens.

Tudo é sempre uma única vez, movida a frases sentenciosas “Não irei repetir” ou “Presta atenção”. Quantos meninos e meninas se deprimem por não encontrar uma segunda chance na família?

Penso o contrário. Sinto o contrário.

Compreendo que a criança não poderá voar se não andar primeiro. Mais do que nunca, precisa saber voltar atrás. Ter passado mais do que futuro. Isso significa suportar a frustração, reagir quando as coisas não acontecem como esperadas. Contar com tristeza suficiente para sair da tristeza e se levantar. Mimar é não permitir que nada se quebre. Amar, de outro modo, é reconstituir os estilhaços.

Não penalizar por uma nota ruim com castigo e privação dos prazeres, mas dar a consciência de que o conceito é provisório e que é natural melhorar. Estimular o pequeno com a própria dificuldade. Recompor o que foi estragado, reconstituir um desenho rasgado, remontar os escombros e não se envergonhar pela demora.

Deixo as esculturas mancas na sala. Não me importo como as visitas vão reagir ou se passarão a me observar com desconfiança. Os defeitos permanecem expostos. A vida é para ser usada.

– Fabricio Carpinejar –

Que qualidade primeira a gente deve esperar de alguém com quem pretende um relacionamento ? Perguntou-me o jovem jornalista, e lhe respondi: aquelas que se esperaria do melhor amigo. O resto, é claro, seriam os ingredientes da paixão, que vão além da amizade. Mas a base estaria ali: na confiança, na alegria de estar junto, no respeito, na admiração. Na tranqüilidade. Em não poder imaginar a vida sem aquela pessoa. Em algo além de todos os nossos limites e desastres.

Talvez seja um bom critério. Não digo de escolha, pois amor é instinto e intuição, mas uma dessas opções mais profundas, arcaicas, que a gente faz até sem saber, para ser feliz ou para se destruir. Eu não quereria como parceiro de vida quem não pudesse querer como amigo. E amigos fazem parte de meus alicerces emocionais: são um dos ganhos que a passagem do tempo me concedeu. Falo daquela pessoa para quem posso telefonar, não importa onde ela esteja nem a hora do dia ou da madrugada, e dizer: “Estou mal, preciso de você”.

E ele ou ela estará comigo pegando um carro, um avião, correndo alguns quarteirões a pé, ou simplesmente ficando ao telefone o tempo necessário para que eu me recupere, me reencontre, me reaprume, não me mate, seja lá o que for.

Mais reservada do que expansiva num primeiro momento, mais para tímida, tive sempre muitos conhecidos e poucas, mas reais, amizades de verdade, dessas que formam, com a família, o chão sobre o qual a gente sabe que pode caminhar. Sem elas, eu provavelmente nem estaria aqui. Falo daquelas amizades para as quais eu sou apenas eu, uma pessoa com manias e brincadeiras, eventuais tristezas, erros e acertos, os anos de chumbo e uma generosa parte de ganhos nesta vida. Para eles não sou escritora, muito menos conhecida de público algum: sou gente.

A amizade é um meio-amor, sem algumas das vantagens dele mas sem o ônus do ciúme – o que é, cá entre nós, uma bela vantagem. Ser amigo é rir junto, é dar o ombro para chorar, é poder criticar (com carinho, por favor), é poder apresentar namorado ou namorada, é poder aparecer de chinelo de dedo ou roupão, é poder até brigar e voltar um minuto depois, sem ter de dar explicação nenhuma. Amiga é aquela a quem se pode ligar quando a gente está com febre e não quer sair para pegar as crianças na chuva: a amiga vai, e pega junto com as dela ou até mesmo se nem tem criança naquele colégio.

Amigo é aquele a quem a gente recorre quando se angustia demais, e ele chega confortando, chamando de “minha gatona” mesmo que a gente esteja um trapo. Amigo, amiga, é um dom incrível, isso eu soube desde cedo, e não viveria sem eles. Conheci uma senhora que se vangloriava de não precisar de amigos: “Tenho meu marido e meus filhos, e isso me basta”. O marido morreu, os filhos seguiram sua vida, e ela ficou num deserto sem oásis, injuriada como se o destino tivesse lhe pregado uma peça. Mais de uma vez se queixou, e nunca tive coragem de lhe dizer, àquela altura, que a vida é uma construção, também a vida afetiva. E que amigos não nascem do nada como frutos do acaso: são cultivados com… amizade. Sem esforço, sem adubos especiais, sem método nem aflição: crescendo como crescem as árvores e as crianças quando não lhes faltam nem luz nem espaço nem afeto.

Quando em certo período o destino havia aparentemente tirado de baixo de mim todos os tapetes e perdi o prumo, o rumo, o sentido de tudo, foram amigos, amigas, e meus filhos, jovens adultos já revelados amigos, que seguraram as pontas. E eram pontas ásperas aquelas. Agüentei, persisti, e continuei amando a vida, as pessoas e a mim mesma (como meu amado amigo Erico Verissimo, “eu me amo mas não me admiro”) o suficiente para não ficar amarga. Pois, além de acreditar no mistério de tudo o que nos acontece, eu tinha aqueles amigos. Com eles, sem grandes conversas nem palavras explícitas, aprendi solidariedade, simplicidade, honestidade, e carinho.

Nesta página, hoje, sem razão especial nem data marcada, estou homenageando aqueles, aquelas, que têm estado comigo seja como for, para o que der e vier, mesmo quando estou cansada, estou burra, estou irritada ou desatinada, pois às vezes eu sou tudo isso, ah!, sim. E o bom mesmo é que na amizade, se verdadeira, a gente não precisa se sacrificar nem compreender nem perdoar nem fazer malabarismos sexuais nem inventar desculpas nem esconder rugas ou tristezas. A gente pode simplesmente ser: que alívio, neste mundo complicado e desanimador, deslumbrante e terrível, fantástico e cansativo. Pois o verdadeiro amigo é confiável e estimulante, engraçado e grave, às vezes irritante; pode se afastar, mas sabemos que retorna; ele nos agüenta e nos chama, nos dá impulso e abrigo, e nos faz ser melhores: como o verdadeiro amor.

– Lya Luft


“Amai-vos um ao outro, mas não façais do amor um grilhão:
Que haja antes um mar ondulante entre as praias de vossas almas.
Enchei a taça um do outro, mas não bebais na mesma taça.
Dai de vosso pão um ao outro, mas não comais do mesmo pedaço.
Cantai e dançai juntos, e sede alegres, mas deixai cada um de vós estar sozinho,
Assim como as cordas da lira são separadas e, no entanto, vibram na mesma harmonia.

Dai vossos corações, mas não os confieis à guarda um do outro.
Pois somente a mão da vida pode conter vossos corações.
E vivei juntos, mas não vos aconcheguei em demasia;
Pois as colunas do templo erguem-se separadamente,
E o carvalho e o cipreste não crescem à sombra um do outro.”

– Gibran Khalil Gibran

              ” É preciso ter um caos dentro de si para dar à luz uma estrela cintilante.”  – Zaratustra

 

– O que você pensa de mim?
(Que você tem um cheiro de primavera, mãos macias de algodão, lábios em forma de coração e com gosto de mel, tem cabelos sedosos, tem os olhos pequenos que se fecham quando você sorri, tem a pele colorida pelo sol, e uma voz que pássaro algum teria, tem um colo que me enche de suspiros quando você arfa para respirar, tem um nariz pequeno e desenhado, pés delicados que hão de andar por todo mundo, e uma paz e um amor por qual eu seria capaz de matar e morrer sem antes ter te conhecido.)
– Que você é tudo que alguém desejaria amar.

Cáh Morandi

Amigos

Os amigos não precisam estar ao lado para justificar a lealdade. Mandar relatórios do que estão fazendo para mostrar preocupação.

Os amigos são para toda a vida, ainda que não estejam conosco a vida inteira. Temos o costume de confundir amizade com onipresença e exigimos que as pessoas estejam sempre por perto, de plantão. Amizade não é dependência, submissão. Não se têm amigos para concordar na íntegra, mas para revisar os rascunhos e duvidar da letra. É independência, é respeito, é pedir uma opinião que não seja igual, uma experiência diferente.

Se o amigo desaparece por semanas, imediatamente se conclui que ele ficou chateado por alguma coisa. Diante de ausências mais longas e severas, cobramos telefonemas e visitas. E já se está falando mal dele por falta de notícias. Logo dele que nunca fez nada de errado!
O que é mais importante: a proximidade física ou afetiva? A proximidade física nem sempre é afetiva. Amigo pode ser um álibi ou cúmplice ou um bajulador ou um oportunista, ambicionando interesses que não o da simples troca e convívio.

Amigo mesmo demora a ser descoberto. É a permanência de seus conselhos e apoio que dirão de sua perenidade.
Amigo mesmo modifica a nossa história, chega a nos combater pela verdade e discernimento, supera condicionamentos e conluios. São capazes de brigar com a gente pelo nosso bem-estar.

Assim como há os amigos imaginários da infância, há os amigos invisíveis na maturidade. Aqueles que não estão perto podem estar dentro. Tenho amigos que nunca mais vi, que nunca mais recebi novidades e os valorizo com o frescor de um encontro recente. Não vou mentir a eles ¿vamos nos ligar?¿ num esbarrão de rua. Muito menos dar desculpas esfarrapadas ao distanciamento.

Eles me ajudaram e não necessitam atualizar o cadastro para que sejam lembrados. Ou passar em casa todo o final de semana e me convidar para ser padrinho de casamento, dos filhos, dos netos, dos bisnetos. Caso encontrá-los, haverá a empatia da primeira vez, a empatia da última vez, a empatia incessante de identificação. Amigos me salvaram da fossa, amigos me salvaram das drogas, amigos me salvaram da inveja, amigos me salvaram da precipitação, amigos me salvaram das brigas, amigos me salvaram de mim.

Os amigos são próprios de fases: da rua, do Ensino Fundamental, do Ensino Médio, da faculdade, do futebol, da poesia, do emprego, da dança, dos cursos de inglês, da capoeira, da academia, do blog. Significativos em cada etapa de formação. Não estão em nossa frente diariamente, mas estão em nossa personalidade, determinando, de modo imperceptível, as nossas atitudes.
Quantas juras foram feitas em bares a amigos, bêbados e trôpegos? Amigo é o que fica depois da ressaca. É glicose no sangue. A serenidade.

– Fabricio Carpinejar